terça-feira, 2 de setembro de 2008

Uma década - a nossa história e parte da história de muitos...

Eu sei, eu sei..o texto sobre os dez anos da escola...demorei mesmo pq tava difícil fazer. Mas taí...e espero que curtam. Não foi possível desenterrar tudo, mas fiz um compacto bem resumido sem me importar com aspectos sincrônicos ou anacrônicos...e não se assustem com os fatos e fotos...

Falar “uma década” – soa muito mais significativo do que simplesmente “10 anos de existência”. Parece que foi ontem que numa conversa informal, eu e o Benedetti tivemos a idéia de montar a escola de luthieria.
Seria necessário um livro imenso para contar cada detalhe dessa história. Aliás, não bastaria apenas um único livro, mas várias edições. Ajudamos muitos alunos a construir um número expressivo de instrumentos e formamos muita gente para o mercado.
Esse texto é apenas uma minúscula parte de uma história de uma década, repleta de momentos bem relevantes e de uma convivência diária abarrotada de gente legal, pó de madeira e música por toda a parte.

Bons Tempos de Outrora
Conheço o Benedetti desde a adolescência, éramos amigos de amigos em comum. Freqüentávamos a mesma oficina de luthieria do Eduardo Ladessa e do Tiguez. Provavelmente estávamos nas mesmas baladas em lugares do dia e da noite. Acabamos trabalhando juntos na oficina do Ladessa e ficamos amigos. Foram quase 12 meses juntos.
Benedetti saiu primeiro encorajado por mim e posteriormente, fui eu que tive “alta”. Eu estava amadurecendo a idéia de ir embora do Brasil, mas sem noção nenhuma de quando, onde e porque?
O “onde” surgiu numa conversa com minha mãe: a terra do sol nascente.
O “quando” dependia de muita papelada, documentação, visto de entrada e um bom dinheiro para a passagem.
O “porque” era mais simples: frustração com o mercado musical e a vontade de atravessar o mundo para viver experiências em outro país.
Fiquei um bom tempo em “banho-maria” e fui ajudar o Benedetti na nova oficina dele. Ou seja, ainda passamos bons momentos juntos e trabalhamos até meu visto sair e desvendar o “onde, quando e porque”.

Tudo Tem Um Significado
Nem tem como falar tudo que passei no Japão (vocês terão que esperar meu livro sair em 2012, ok?).
Mas o detalhe mais significativo é que no Japão, quando já trabalhava na Kurosawa: http://www.kurosawagakki.com/ – eu já dava um curso preparatório (procedimentos de luthieria, vendas e conduta profissional) para a galera iniciante que era contratada para atender nas lojas.
Além de cuidar da assistência técnica da empresa, também comecei a trabalhar em shows como técnico de guitarra e áudio. Saia de casa ás 9 da manhã e só voltava perto da meia-noite, vivia “travado” mas feliz.
Essa sincronia de fatos me ajudou posteriormente. Sempre imaginei que esse esforço e a busca pelo conhecimento técnico cercando por todos os lados, era a luz no final do túnel.
Outro fato interessante: eu conheci as escolas de luthieria do Japão. Tinha amizades nessas escolas e total acesso ao material didático delas.
Benedetti ficou no Brasil e continuou com sua oficina própria. Ganhou clientes e investiu na mesma. Detalhista e meticuloso, começou a fazer fama com manutenção e principalmente na construção de instrumentos personalizados. Nós continuamos a manter contato, mesmo que eventualmente.
Voltei definitivamente ao Brasil em 1998. E a chance de fazermos algo juntos nos estimulou para várias conversas e sondagens. E numa dessas conversas, o Benedetti virou o “B” e eu virei o “H” da B & H Escola de Luthieria.

Primórdios
Alugamos a garagem na frente da casa do Benedetti. Montamos as duas bancadas, colocamos uma lousa supimpa, compramos algumas ferramentas e Benedetti trouxe a cafeteira da casa dele. E eu tive que aprender a fazer café (na verdade, não aprendi ainda, porque meu café continua horrível...).
Fizemos uma inserção publicitária na revista Guitar Player e firmamos uma parceria com a Marutec/Tagima.
Atendendo ao anúncio, vieram o Rodrigo da cidade de Indaiatuba, o Ronaldão, o Ronaldinho e o Vinícius, nossos primeiros alunos. Começamos apenas com o módulo básico. Elaboramos um roteiro e iniciamos as aulas em 18 de julho de 1998.
Benedetti e eu, cada qual com suas turmas. E a procura pelo curso crescia e em razoável espaço de tempo, idealizamos o módulo intermediário – dedicado a construção de instrumentos. O módulo intermediário foi o diferencial. Alugamos a casa anexa a garagem e isso representou uma nova fase para nós.

NOS - New Old Staff
Na casa nova, já tínhamos nosso primeiro professor contratado, o Vicente Palma Jr, vulgo Vicentão. E também nosso primeiro funcionário, Tarlis Vinci.
Logo em seguida, vieram o Saulo Peghin, Ricardo Mascarenhas (atualmente professor), André “Alface”, Andréia Caciji, Rodrigo, Raphael, Claudinho, Paula Bifulco, Fabiano Amorin, Sidney e Lincon.
Dos professores, tivemos a Daniela Vertemate (básico), Roberto Gabriel e Silmara (eletrônica), temos o Regis Bonilha (instrumentos acústicos) e Edílson “Siri” (básico). Todos ex-alunos.
Na oficina do Benedetti, passaram por lá: Vitor, Cláudio, Tarlis, João, Hedwig e atualmente temos a Carol. Todos também alunos da B & H.
Cursos
Outra fase significativa: a introdução do curso de construção de instrumentos acústicos, com o luthier Regis Bonilha. Sempre foi um desejo (eu e Benedetti) em ter um curso assim. E de quebra, ganhamos também um grande amigo.
O curso de eletrônica também foi bem legal. No momento estamos com o curso desativado, mas estamos trabalhando para que possamos retomá-lo num futuro breve.
O curso de formação de técnicos de palco e roadies durou 2 anos e foi ministrado na Escola Companhia da Música (um dos nossos parceiros). Existe muito interesse por esse curso e estou fazendo uma reformulação técnica para colocá-lo em prática ainda em 2008. Mas não se trata de uma promessa, apenas uma possibilidade.

É galera, muita coisa rolou nesses dez anos de B&H. Além da enorme quantidade de instrumentos que ajudamos a construir, formamos muita gente para o mercado de trabalho. Muitas empresas nos procuram. e nos tornamos uma referência. E apesar das críticas de gente e de “supostos profissionais” que sequer nunca adentraram na nossa escola e nem conhecem nosso trabalho, estamos ultrapassando uma década com o reconhecimento do mercado.
Conhecemos muitas pessoas... e para nossa sorte, a grande maioria, gente muito legal.
Nossos parceiros comerciais também contribuíram com uma parcela significativa: Marutec, Seizi Tagima, NIG Strings, Malagoli, Cia da Música, Zepphir, Rotstage, Landscape Audio e Royal Music.
Aproximadamente 87600 horas ou 3650 dias ou 120 meses ou 10 anos, ou uma década... Não importa...ainda tem muito shape para moldar, muito aluno para ensinar, muito pó de madeira e café para ser degustado...valeu a todos que fizeram parte desta década e que ainda farão parte das próximas!

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